O sorriso do presidente

Rafale M da Marinha francesa arremetendo do porta-aviões americano John C. Stennis
Há mais de 10 anos atrás, ainda no governo FHC, foi criado o projeto FX que previa a compra de 12 caças para a Força Aérea a um custo de US$ 700 milhões. Logo no início de seu governo, Lula cancelou esse projeto e destinou a verba ao Fome Zero. Passados 6 anos e ainda no governo da cumpanherada, o negócio foi fechado sob condições nebulosas, numa visita relâmpago do presidente da França ao nosso país na data maior da pátria, o 7 de setembro. Coincidência?
A FAB ainda não concluiu o relatório final a ser apresentado ao Ministro da Defesa. Nesse relatório, seriam apresentados os prós e contras de todos os aviões (participam da licitação, além da francesa Dassault, a americana Boeing e a sueca Grippen), além da opinião dos técnicos da FAB (seus maiores interessados pois serão os operadores no futuro desses caças) sobre qual seria a melhor opção. A decisão final cabe ao Presidente da República. Ora, se esse relatório não está pronto, como Lula pode fechar o negócio com Sarkozy? Ou alguém acha que o francesinho iria se despencar de Paris, largando aquele avião que tem em casa, se não fosse para vender mais aviões?
Confesso que cheguei a imaginar que pudesse ser uma jogada do governo brasileiro, para forçar os americanos a fazerem a bendita transferência de tecnologia do Hornet F-18. Mas por outro lado, pode haver uma corrente no governo que ache que a França é o nosso fornecedor de caças desde os tempos dos Mirage.
Estranho mesmo é que de 10 anos para cá o número de caças triplicou (até aí, nada demais. 36 ainda é pouco para proteger nossa imensa área) e o custo decuplicou. Como pode? Além disso, alguém precisa avisar ao companheiro Luis Inácio que nem todos os assuntos ele domina. Os especialistas da área falam que o americano, o sueco e o russo (já excluído da licitação logo no começo) são melhores do que o francês, que por sua vez, jamais foi importado, perdendo diversas licitações pelo mundo tanto em países desenvolvidos como em desenvolvimento. Alguns chegam a falar que essa encomenda brasileira salvaria a Dassault da falência. Não seria a primeira vez: a empresa Bell de helicópteros só sobreviveu por causa das seguidas encomendas durante a guerra do Vietnam. Você lembra de já ter visto algum filme da guerra do Vietnan com caças, navios, tanques? Não, né? E com helicóptero?
Outro ponto de reflexão que podemos fazer é a comissão que algumas pessoas podem ganhar com esse negócio. Ou alguém tem a vã ilusão de que isso não rola. Deve rolar e muito. Principalmente pelos valores envolvidos. E aí não serão pessoas do segundo e terceiro escalões não. É gente graúda que garantirá o futuro de várias gerações de suas famílias.
O sorriso do presidente Lula estava especialmente feliz no 7 de setembro.

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