O helicóptero caído e a jornada por todos os cantos da cidade.

Como qualquer morador da Zona Norte também fui atingido pelos tristes acontecimentos da madrugada de sexta para sábado nos morros de São João e Macacos. Atingido, graças a Deus, de maneira indireta e não por tiros. Afinal, já cumpri minha cota de balas perdidas ao ser alvejado por uma calibre 38 (ou seria 32? Nem o PM da época soube...) em 1977.

Dormi fora de casa, logo não cheguei a ouvir os tiros de alto calibre que acabaram com o sono de meus vizinhos do Grajaú e Vila Isabel. Estava em Jacarepaguá e fui aconselhado por um comitê familiar, majoritariamente feminino, o que é sempre sinônimo de aumento da desgraça e medos injustificados, a permanecer na Zona Oeste e não voltar a casa. Como não gosto de ficar na casa dos outros e gosto muito de ficar na minha casa, mas também gosto muito de viver, tracei uma volta ao lar passando por todos os cantos de nossa amada cidade. Abaixo está o meu itinerário com os horários.

14:45 Pego um ônibus no Largo do Pechinha para o Terminal Alvorada da Barra da Tijuca;

15:25 Embarque no terminal Alvorada em um ônibus do Metrô Rio;

16:15 Embarque na estação Siqueira Campos do metrô;

16:50 Chegada à Praça Saenz Peña e embarque em um ônibus para o Grajaú;

17:15 Chego finalmente ao lar.

Foram 2h30min para chegar a casa em um sábado nublado. Normalmente eu levaria uns 20 minutos. Essa jornada me levou pelas zonas Oeste, Sul e Norte, além do Centro da cidade, mesmo que pelo subterrâneo. Na parte rica e privilegiada, avistei apenas uma viatura da PM no Mirante do Leblon. Na Tijuca, muitas do BOPE espalhadas pelas ruas. Vi surfistas aproveitando as ondas do Pepino, Leblon e, incrível, Copacabana. Somente eles e alguns loucos correndo (?! Pra que?) "aproveitavam" a praia nesse sábado de tempo nebuloso em todos os sentidos. Vi diversos restaurantes novos e modernosos ao longo da avenida das Américas e logo lembrei de Dona Gislaaaaine: "Isso não te pertence mais...!!"

Espero que o sol volte a brilhar, mas acho difícil enquanto tivermos tantos lulinhas, serginhos, dudinhas e outros hipócritas corruptos e deslumbrados a nos governar.