Bando de amadores!

Saio do trabalho esfomeado e cansado. Mais esfomeado que cansado. O cenário em casa é desolador. O típico apartamento do homem largado e só. A geladeira está cheia de refrigerantes, cervejas, sucos, água mineral, leite e mais alguns líquidos não identificados. De sólido, uns pedaços de queijo, ovos comprados ainda nesse ano e uma cebola esturricada.

Penso onde matar a fome. Bob's e McDonald's não merecem meu apetite. Vou ao Informal. Na saída do meu trabalho, perto e rápido. Chego ao local e para minha surpresa a casa está praticamente lotada, com apenas uma mesa a minha espera. Sento e fico observando as criaturas ao redor. Grupos se reunindo e confraternizando o fim de ano. Em novembro!! Amigos ocultos, tiazinhas empunhando 8 máquinas fotográficas e tirando a mesma foto nas 8, que certamente serão bostadas (alô alô revisão: é isso mesmo!) no Facebook. Ai meu Deus! Quanta vontade de comemorar o fim do ano... São aquelas pessoas que nunca saem de casa. Ordeiros, correm ao lar ao final do expediente. Mas bastou rolar aquele amigo oculto da firma... Tamulá! São um bando de amadores que atrapalham meu chope, isso sim! Profissionais bebem o ano todo, ora!

Outro bando de amadores muito conhecido é o dos foliões. Aquelas pessoas que encarnam sabe-se lá que espíritos ruins nos cinco dias de carnaval. Uma desculpa esfarrapada para beber, cair na bagunça e otras cositas más... E más, lógico! Ou buenas, vai saber... O profissional faz isso nos outros 360 dias e sem precisar se vestir de mulher. E com muito mais discrição, lógico.

Finalizando, o bando de amadores do Natal e do Ano Novo. Ah... que beleza de mesa. Pernil, tender, chester, bacalhau... Em alguns lares mais abonados, tem tudo isso e mais um rosbifezinho básico para os que não curtem comidas mais exóticas. Agora, imagina: um rosbife, que é um senhor prato, especialidade de minha mãe, passada com louvor para minha irmã Fernanda, vira um prato trivial no meio daquelas outras comidas que só se come praticamente nessa época. Rabanada. O que é aquilo!?!?! Um troço molengo que foi chafurdado numa mistura viscosa. Dizem que leva muitos ovos, sei lá. O profissional come bem o ano todo, claro...

Saindo do xópin e acreditando estar livre dos amadores, me deparo com uma pequena fila no ponto de táxi. Na minha frente, duas senhoras roliças. "Se a gente tivesse ido de metrô já estaríamos no Largo do Machado..." A outra, se fazendo de distraída, responde: "Muito cheio essa hora...". Atrás de mim, mais duas senhoras. "Ah, vamos pegar ali na Praia de Botafogo mesmo!". "Mas a essa hora, Luluzinha?". "Sim, o que tem?". "É perigoso... E ainda tem esse peso todo que estou carregando...". A mais corajosa acaba fazendo prevalecer sua vontade e as vejo caminhando em direção ao perigo da noite Botafoguense e carregando duas sacolinhas da Lojas Americanas.

Bando de amadores!

Comentários

Thirso disse…
Sessão Nostalgia. Me lembrou o Artur da Távola, com o seu "É isso mesmo, ó chapas da revisão". Como em um artigo em que ele mandou um "haja vista" e advertiu os incautos.

Muito bom, Ministro. Talvez um excesso de rigor com a classe amadora, mas acho que elws merecem. Tanto quanto os motoristas dos domingos.
Getulio disse…
Sensacional huahauhahhauahuhauhauauhuahuaha boa Xandão...vou virar frequentador assíduo do blog...parabéns!!!!!

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